Nascido em 12 de julho de 1913, em Valença (atual Pimenteiras), no Piauí, Permínio Asfora foi romancista, jornalista, editor e político brasileiro, formado em Direito pela Faculdade do Recife.
Segundo os estudiosos da sua obra, Permínio foi o primeiro brasileiro de ascendência palestina a publicar um romance no Brasil e Noite grande (1947), seu segundo livro, é a primeira obra literária brasileira que possui um protagonista Palestino — baseado na história real do pai do romancista. #palestinalivre
Permínio foi o primogênito de Maria Elisa de Carvalho e de Sales Mussa Asfora, imigrante Palestino que em 1902, aos 14 anos de idade, chegou ao Brasil — país onde viveu até o fim da sua vida (ele faleceu em Recife, em outubro de 1971).
Inicialmente, Sales Mussa Asfora morou com um parente no Ceará, mas pouco depois emigrou para o Piauí, onde permaneceu alguns anos — e onde conheceu Maria Elisa. Logo depois do nascimento de Permínio, seus pais tentaram a vida em vários estados do Nordeste. A primeira parada foi na cidade de Crateús, no Ceará, onde ficaram até 1922, quando a família se muda para o Recife. Na capital pernambucana, “Permínio faz o curso primário como aluno do colégio Melo Cabral. Não seria Recife, entretanto, a última parada dos ‘anos de aprendizagem’ do futuro romancista, que da capital pernambucana emigra ainda uma vez para Sapé, na Paraíba, lugarejo situado na zona da caatinga, à beira da estrada de ferro. E foi em sapé que ele abriu realmente os olhos para o mundo, onde passou a maior parte da infância e da adolescência. Deixou Sapé homem feito, com 20 anos, integrando-se na vida prática através do comércio, profissão paterna, fase em que foi intensificando e aprofundando sei contato com o Nordeste, viajando a léu e a cavalo, de trem, de automóvel. Participava assim da vida do povo humilde, dos seus problemas, dos seus dramas, que mais tarde transporia para os romances que escreveu” [1].
Em 1934, Permínio retoma os estudos, para concluir o que chamamos hoje de ensino médio e poder fazer faculdade. Em 1938, ele começa a colaborar com a imprensa local e revistas acadêmicas, e dirige o Boletim da Casa do Estudante [2]. A seguir, anúncios de algumas das revistas que Permínio dirigiu, ou com as quais colaborou:
A cronologia dos seus estudos não é muito clara, com alguns dados contraditórios, mas pode-se dizer, com certa segurança, que ele recebeu o diploma de bacharel em direito entre 1939 e 1941. Abaixo, um recorte da coluna social do jornal Última Hora (Rio de Janeiro) anuncia a festa de 20 anos da formatura da turma de Permínio, em 13 de dezembro de 1959:
Em 1940 Permínio Asfora publica Sapé, seu primeiro romance, imediatamente censurado pelo governo de Getúlio Vargas. Abaixo, menções à censura e perseguição sofridas por Permínio, além de um exemplo dos ataques anticomunistas preferidos contra ele, na imprensa:
Mesmo com a censura do governo getulista, em 1942 Permínio é nomeado prefeito de Pilar, na Paraíba, mas abandona o cargo apenas um ano depois. Em 1945, ele ingressa no funcionalismo público, como fiscal do Instituto do Açúcar e do Álcool, viajando por Bahia, Sergipe e Alagoas. No mesmo ano, retorna para o Rio de Janeiro e retoma o jornalismo dos primeiros anos profissionais, colaborando com periódicos como Folha Carioca, Diretrizes e, mais tarde, Última Hora. Em 1948, funda a revista “Resenha Literária” [3].
Autor de vasta obra, que inclui sete romances (sobre os quais falaremos individualmente, nos próximos sete posts dessa nius, até fevereiro de 2025), além de inúmeros textos jornalísticos, Permínio Asfora faleceu de edema pulmonar no Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 2001, aos 88 anos. Deixou inacabado o romance Confidências no Largo da Segunda-feira, concluído e publicado postumamente por seu filho, o também escritor Lúcio Asfora, em 2005. Além de Lúcio, Permínio teve ainda mais dois filhos, Murilo e Vólia, fruto de seu casamento com Cacilda Asfora, que faleceu em 2013, aos 95 anos, também no Rio de Janeiro.
para o post de hoje, usei como fontes:
1) informações biográficas esparsas, incluídas em todos os livros de Permínio, que consegui comprar em sebos do Brasil afora, nos últimos anos. Usei sobretudo as infos que aparecem na reedição de 2015 de Sapé, publicado pela editora UFPB, que contém um posfácio maravilhoso de Wilma Martins de Mendonça
2) o site do Salão do Livro do Paiuí, que homenageou Permínio em 2013
3) as conversas com Carlos Alberto Asfora (sobrinho de Permínio), que tem me ajudado, de maneira afetuosa e dedicada, a montar esse quebra-cabeça. Muito obrigada, Carlos Alberto!
4) por último, devo citar a hemeroteca da Biblioteca Nacional, que tem um arquivo espetacular, onde estou devagarzinho coletando o trabalho de Permínio como jornalista.
[1] Da nota da editora José Olympio para a primeira edição de Sapé (1972).
[2] Da coluna Prestes à queda de Arraes: Memórias Políticas, Paulo Cavalcanti (Recife: CEPE, 2015)
[3] A CRÍTICA DA E NA REVISTA SUL (2018), de Iran Silveira para a Dissertação de mestrado acadêmico apresentada ao Programa de PósGraduação em Literatura da UFSC https://nelic.paginas.ufsc.br/files/2009/06/Disserta%C3%A7%C3%A3o-Cr%C3%ADtica-da-e-na-Revista-Sul.pdf
✨ uma preciosidade
Camarada caranguejo, gostei ainda mais ❣️